23 de abr. de 2010

Ex-metalúrgico da Acesita é indenizado - Valor recebido gira em torno de R$ 1 milhão

Uma longa trajetória levou o ex-metalúrgico Cleuston Lopes de Souza, 58, a conseguir reconhecimento e indenização por danos morais, estéticos, materiais e lucros cessantes da antiga Companhia Aços Especiais Itabira (Acesita), hoje ArcelorMittal Inox Brasil, com fábrica instalada em Timóteo. Contratado como mecânico de manutenção na empresa, ele sofreu lesões graves ao manusear uma máquina geradora de hidrogênio. O acidente ocorreu em 1979 e atingiu outros funcionários que se encontravam no pátio da empresa. Com várias queimaduras até de terceiro grau, ele se afastou por alguns meses para fazer diversas cirurgias, mas continuou a trabalhar na empresa. Somente 20 anos depois do acidente e 10 anos após ser demitido sem justa causa é que Cleuston ajuizou ação contra a empresa. Ele requereu indenização por danos morais e estéticos sob a argumentação de que, por não haver se recuperado plenamente, estaria impedido de obter uma nova colocação no mercado de trabalho.


O advogado de Cleuston, José Geraldo Costa, ex-presidente do Metasita, informou ao jornal VALE DO AÇO, na tarde desta terça-feira (20), que a indenização seria de pouco mais de R$ 60 mil se fosse paga na época. “Contudo, trinta anos após a tragédia, com base em juros e correções monetárias, essa indenização hoje chega a quase R$ 1 milhão. Mas nada há para pagar as marcas que ficaram no Cleuston. As queimaduras foram muito graves e deixaram várias seqüelas”, disse, ressaltando que o gerador de hidrogênio é uma máquina que era chamada de ‘Bomba atômica’ dentro da Acesita. “Naquele equipamento vários trabalhadores se acidentaram, inclusive, alguns com perda da vida e diversos outros com graves queimaduras como aconteceu com o nosso cliente. Não é um simples equipamento industrial. Para muitos, era considerado mesmo uma bomba”, disse.

Costa salientou que Cleuson hoje “finalmente é um vencedor por ter acreditado na Justiça e no trabalho de seus advogados. O processo tramitou com a lentidão que já era esperada em casos desta natureza, mas que teve sempre ganhos sobre ganhos em todas as instâncias. Nestas circunstâncias, fala-se muito do poder do Recurso Protelatório (demora da decisão final). Em muitos casos, quando se chega ao final, o resultado fica para herdeiros”, comentou.

Atualmente, Cleuston Lopes nem mora mais no Vale do Aço. Ele vive com a família numa cidade do interior de São Paulo. “Ele foi para São Paulo assim que foi demitido, pois não conseguia emprego aqui. Nesses onze anos, ele nunca conseguiu um emprego fixo, mas mesmo assim trabalhou fazendo alguns pequenos ‘bicos’. Apesar disso, desde a demissão o Cleuston teve dificuldades para sustentar a família com sua própria renda”, informou Costa.

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