ARTIGOS SOBRE FUTEBOL




Por que o futebol não sai da Globo? – parte II




Eu escrevo há uns quatro anos nesse espaço. A ideia sempre foi tentar responder algumas perguntas que nunca ninguém perguntou. Logo, a ideia sempre foi ser um pouco inútil.
Nesses quatro anos, devo ter efetivamente elucidado umas cinco questões não perguntadas, o que é uma capacidade de produção tão pífia que faz com que gregos pareçam chineses.
Na semana passada, eu tentei falar sobre a relação entre a Globo e o futebol. O que era para ser uma exposição particular, acabou tomando maiores proporções pela replicação daquele conteúdo pelo Nando Gross, jornalista gaúcho altamente renomado e coordenador do curso Kick-Off de jornalismo esportivo na escola Perestroika, em Porto Alegre.
Nando, que se fosse rechonchudinho e tivesse mais idade e cabelos brancos poderia muito bem ser considerado o John Madden do futebol brasileiro, republicou o texto em seu blog, que – dada a absurda quantidade de emails que eu passei a receber – é bastante popular. A ideia era gerar polêmica para um debate. E como gerou.
O esquema foi tão grande que eu resolvi abrir uma exceção e fazer uma sequência à última coluna. E olha que eu não sou nem um pouco simpático a sequências, muito por conta do trauma criado pela combinação entre Joel Schumacher, Batman, Arnold Schwarzenegger e George Clooney.
Não que isso aqui seja exatamente uma sequência. Está mais para um feedback público. Como eu recebi um monte de e-mails perguntando um monte de coisa, vou responder os questionamentos mais populares, que seguem abaixo conforme o número de repetições, ou seja, a pergunta – no caso, afirmação – mais repetida entre as mensagens vem em primeiro, a segunda em segundo e assim por diante.
1) Você é um imbecil.
Justo. Namorada, mãe, vizinho e por vezes acho que até meu cachorro concordam com isso. Empiricamente, portanto, a afirmação é correta.
2) O futebol é popular sim, seu imbecil.
Correto, também. Eu não disse que ele não é popular. Ele só não é tão popular assim. Ainda mais se for considerada sua popularidade mercadológica, ou seja, popularidade medida a partir do número de transações financeiras originadas por ele. Aí a coisa descamba. Para baixo.
3) A audiência só é baixa porque o jogo passa muito tarde.
Mais uma vez, muito bem. Perfeito. Se fosse mais cedo, talvez mais pessoas assistissem. Mas não tanto quanto a novela ou o jornal. Portanto, ele vai pra mais tarde. Além disso, como eu disse, outros programas no horário do futebol aumentam a audiência, ou seja, tem bastante gente que prefere não ver futebol. Fora que não é incomum o futebol de quarta à noite registrar menos audiência que “A Grande Família”.
4) Ninguém assiste por que só passa jogo do Corinthians e do Flamengo.
Beleza. Mas diversificar a transmissão encarece a operação. Mais fácil mandar um sinal aberto para todo mundo e deixar as opções fechadas para quem está disposto a pagar por elas. Coisa que, aparentemente, pouca gente está disposta ou tem condições para isso. Daí, então, a formatação do futebol como produto de TV aberta e não fechada, o que condiz com o que eu disse.
5) O Brasil não é Europa, então não dá pra comparar, seu imbecil.
Genial. Mais uma vez, na mosca. Eu disse que era? Estarei grooamente errado? Alguém mais lia Groo? Terei aprendido geografia em livros didáticos estadunidenses? Alguém mais fala estadunidense, fora um amigo meu cujo apelido é um tipo de queijo? Estará Sergio Aragonés ainda vivo? Sim, de acordo com o Wikipédia, ele ainda está vivo. Quanto às outras perguntas, não sei a resposta.
6) Seu imbecil, o vôlei nunca vai ser mais popular que o futebol.
Talvez não. Mas o vôlei era só um exemplo. Agora, se depender da Topper, o rugby vai.
7) Você trabalha na Globo, imbecil.
Certamente que não. O que é uma pena, porque se paga tanto para o futebol, também deve pagar bem para quem mexe com ele.
8) A Globo está no futebol por causa do dinheiro, seu imbecil. Só mesmo sendo um para achar que eles estão lá por caridade. Imbecil.
Talvez. Aí é que a coisa complica, porque existem indícios que sugerem que isso não é bem lá verdade. Mas, como eu disse, isso é assunto pra uma coluna futura. A qual eu espero não ter que escrever uma sequência. Mesmo que ela em si possa ser considerada um spin-off por natureza. Que, se você lembrar de Joey e Daria, talvez não seja lá muito mais recomendável
Por que o futebol não sai da Globo?
OLIVIER SEITZ

A verdade é que, pelo menos em relação ao Campeonato Brasileiro, aparentemente o futebol precisa mais da Globo do que a Globo precisa do futebol
Se você está lendo esse texto, você gosta de futebol.
Se você gosta de futebol, você acha que todo brasileiro gosta de futebol.
E se você acha que todo brasileiro gosta de futebol, você também acha que o futebol é um baita produto de televisão, afinal todo mundo assiste.
Entretanto, é bem possível que, se você faz uso dessa lógica, você esteja bastante errado.
Não no seu gosto pelo futebol, é claro, mas em acreditar que todo mundo também gosta de futebol.
Essa é uma antiga mentira criada pelo Getúlio Vargas que, com seus 1,60 metro de altura, tinha pernas curtas.
Desde que o pequeno presidente subiu nas tamancas do poder, o futebol foi enfiado goela abaixo da população, ainda que esta não tenha reclamado. Mas se fez acreditar que o futebol é muito mais popular no Brasil do que ele realmente é. E é por isso que ele não sai da Globo. Porque se ele sair, a sua já questionável popularidade vai ficar menor que o nosso pequeno revolucionário supracitado.
A grande sacada do futebol europeu foi levar o futebol para a tv paga. Como as pessoas só conseguiriam assistir futebol assinando o canal, elas pagavam pra isso. Ganharam as empresas de televisão, que popularizaram suas plataformas, e ganharam os clubes, que ganharam muito mais dinheiro com os contratos de exclusividade com essas empresas.
No Brasil isso não deu e ainda não dá muito certo. As pessoas, ao que tudo indica, não querem pagar para ver futebol. Veem porque está lá. Em dias de futebol, a audiência da Globo em geral cai. E a dos outros canais aumentam. O futebol na tevê aberta - que é o que realmente agrega audiência - afasta espectadores. Por isso o futebol precisa da Globo, porque o canal carrega consigo uma audiência fiel e natural. Porque se ele for pra outro canal, uma grande parcela do já pequeno público vai deixar de assistir. E se isso acontecer, o já minguado dinheiro de patrocínio vai sumir. E se a Globo resolver promover exclusivamente o vôlei, por exemplo, a onipresença esportiva do futebol pode ser ameaçada. Mas, acima de tudo, porque ninguém mais tem dinheiro para pagar ao futebol o que a Globo paga hoje.
Achar que a Record irá, eventualmente, entrar em uma briga com a emissora carioca pelos direitos do Campeonato Brasileiro me parece meio fantasioso. Primeiro porque, como dito, o futebol não atrai tanta audiência assim na televisão aberta para justificar qualquer leilão. E segundo porque o futebol é produto de televisão paga, e a Record não tem canal de esportes pago. Ou seja, não apenas ela teria que comprar os direitos, mas também teria que investir uma boa grana em montar uma estrutura para criar um canal que talvez nem seja aceito pelas duas maiores plataformas de televisão fechada do país, que têm participação da Globo.
Ou isso, ou ela tentaria revender os direitos para a ESPN, o que parece ser bem complicado, ou para a própria Globo, o que seria uma piada.
Pior. A história mostra que quando direitos de transmissão são superinflacionados por um canal que não possui a estrutura necessária para a difusão correta, ou então quando o próprio produto não colabora, as chances de o canal comprador quebrar são grandes. Procure os casos da ITV Digital e da Setanta. São casos claros do risco envolvido nesse tipo de operação.
Além de tudo isso, você também pode adicionar teorias conspiratórias sobre o poder de investigação jornalística daqui ou de acolá, que certamente colabora, mas não parece ser determinante para que o conservadorismo dos direitos impere.
A hora que a Globo tinha para perder os direitos já passou. Era lá em meados dos anos 90, quando ela de fato chegou a quase perder uma coisa ou outra. Mas agora não parece que vá acontecer novamente. A verdade é que, pelo menos em relação ao Campeonato Brasileiro, aparentemente o futebol precisa mais da Globo do que a Globo precisa do futebol.
A pergunta, portanto, não deve ser por que o futebol não sai da Globo, mas o contrário. Por que, afinal, a Globo não larga o futebol?
Isso é assunto pra uma futura coluna.
E eu não tenho muita certeza se conseguirei responder.

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A mídia da vez 
Como as mídias sociais mudam a forma de se relacionar no esporte. Mais uma vez...
Por aqui já comentei, em várias ocasiões, que não se pode pensar mais em esporte sem se falar das mídias sociais. Nada de mesa-redonda pós-jogo, com a análise modorrenta de comentaristas. Tudo em tempo real, com a opinião e a participação do torcedor, alçado à condição de comentarista da vez, podendo ainda dar o recado para os atletas, serem de fato ouvidos, conectarem-se a eles.
E isso vale para o bem e para o mal!
Um bom exemplo disso foi neste domingo durante o eletrizante Corinthians 4x3 São Paulo. Alex Glikas é diretor comercial da Locaweb. Não é uma figura pública. Mas representa a empresa que, neste domingo, estreou o patrocínio de dois jogos para o São Paulo. Corintiano (assim como são os donos da empresa), Glikas não se conteve e tirou sarro do Tricolor em sua página na internet. São pouco mais de 200 seguidores, provavelmente quase todos eles amigos e conhecidos de Glikas, passíveis de entenderem a brincadeira e darem risada dela.
Só que algum jornalista (tinha de ser!!!!) viu a gozação de Glikas ao rival. E a história se espalhou. Ganhou chamada de capa nos sites, revoltou a torcida tricolor. Glikas retirou seu comentário do ar e publicou um pedido de desculpas aos torcedores.
Em seu perfil no microblog, agora, diz ele: "Sinceras desculpas à torcida e ao SPFC. No calor do clássico, o torcedor tomou conta do profissional. Não acontecerá de novo". Algo bem mais polido e insosso do que as palavras “no calor do clássico”. Algo típico de uma mesa de bar.
Em 140 caracteres veio a frase que comprova o quanto o torcedor, hoje, está ligado nas redes sociais, interagindo, interferindo, palpitando, mudando o rumo das coisas. A Locaweb teve de publicamente dizer que não vai retirar o patrocínio ao São Paulo, permanecendo na quarta-feira para a o jogo da Copa Libertadores. E que a opinião foi dada por um funcionário, não representando o sentimento da empresa.
É a mídia da vez, que reforça o quanto é importante, para as empresas, para o esporte e para as figuras públicas, se policiarem com essa exposição aparentemente inofensiva dos malditos 140 caracteres.
É claro que Glikas não queria ofender o Tricolor, muito menos relacionou seu ato com o patrocínio recém-acertado. Foi a opinião de um torcedor. Como se estivesse na mesa do bar, ou no estádio, ou em frente à televisão.
Só que a mídia social não é o bar da esquina. Está ali, para quem quiser acessar, cornetar, reclamar. E, pior de tudo. Reproduzir.

Erich Beting
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Os oito maiores negócios do futebol no mês de março - 2010  


O mês de março de 2010 foi um dos períodos no calendário com menor atividade em termo de assinatura de novos contratos relacionados à indústria do futebol. O maior destaque vai para o novo patrocínio da Football League e para os diversos contratos assinados pela FA (Federação Inglesa de Futebol).
[1] Football League | Npower – A Football League Inglesa, que inclui as ligas secundárias de Inglaterra (Championship, League 1, League 2 e Carling Cup), assinou um contrato de patrocínio com a fornecedora de energia Npower.

O contrato terá a duração de três temporadas por um valor total de 23,2 milhões de euros, cerca de 7,7 milhões de euros anuais.
[2] Uefa | Hyundai/Kia – A Uefa assinou um novo contrato de patrocínio com a Hyundai/Kia para patrocinar os torneios europeus de 2012 e 2016 e todos as competições Sub-21.

O contrato tem a duração de sete temporadas para um valor total de 13 milhões de euros, cerca de 1,8 milhões de euros anuais.
[3] FA | Fiat – A Football Association (Federação Inglesa) assinou um contrato de patrocínio com a construtura italiana Fiat com a duração de quatro anos. O valor total do contrato atinge os 12,4 milhões de euros, cerca de 3,1 milhões de euros anuais.
[4] FA | Nivea - A Football Association (Federação Inglesa) assinou um contrato de patrocínio com a duração de quatro anos com a Nivea (Nivea For Men). O valor total do contrato é de 11,8 milhões de euros, cerca de 2,95 milhões de euros por temporada.
[5] R. Tcheca | Puma – A seleção da República Tcheca renovou o contrato de fornecimento de equipamentos Puma por mais quatro anos. O valor total do contrato é de 8,8 milhões de euros, cerca de 2,2 milhões de euros anuais.
[6] Manchester United | Telekom Malasia – O Manchester United assinou um contrato de conteúdos para telemóveis com a empresa de telecomunicações Telekom Malasia por um período de cinco anos.

O valor total do contrato é de 6,6 milhões de euros, cerca de 1,3 milhões de euros por temporada.
[7] Manchester United | MTN – O clube inglês também assinou um contrato com o gigante das telecomunicações na África MTN. A duração do contrato é de três anos e meio, com um valor total de 2,5 milhões de euros, cerca de 715 mil euros por anuais.
[8] Arminia Bielefeld | Schuco - O clube alemão assinou um contrato de patrocínio nas suas camisas com a Schuco International KG. O contrato terá a duração de apenas uma temporada, pelo qual a empresa irá pagar 1,5 milhões de euros.

Fonte: Futebol Finance - www.futebolfinance.com


Os grandes treinadores fazem a diferença

Será que realmente temos grandes treinadores no futebol brasileiro?

Num primeiro momento essa pergunta parece totalmente fora de propósito. Como, no futebol pentacampeão do mundo, alguém ainda possa ter dúvidas a respeito daqueles que são considerados os “professores”, ou seja, aqueles que conduziram o futebol brasileiro ao mais alto posto no cenário esportivo mundial.


Por outro lado, existe história a respeito de treinador campeão mundial, que dormia no banco de reservas durante os jogos.

Na verdade, o grande diferencial do nosso futebol sempre foi a qualidade dos nossos jogadores. Mas qual a justificativa para tal afirmação?
Desde sua introdução em terras brasileiras, o futebol passou por inúmeras transformações como relata o professor Alcides Scaglia, em sua coluna “A reinvenção do futebol”. Segundo o autor, foram as crianças que reinventaram a maneira de jogar futebol, a partir dos pequenos jogos que utilizavam para brincar nos campinhos e terrenos baldios, dentre os quais podemos destacar o bobinho, golzinho, duplinha carioca, embaixadinha, linha, cada um por si, driblinho, timinho, gol a gol, etc.



Na faculdade, nas aulas de aprendizagem motora, educação física escolar e metodologia do futebol, sempre provocamos, no bom sentido, os nossos alunos, dizendo-lhes que a nossa geração foi a última a ter a “rua na integra”.



O que isso significa e o que tem a ver com os treinadores do nosso futebol?

Até o final da década de 1970, inicio da década 1980, as crianças tinham mais liberdade e podiam brincar na rua se fartando com jogos e brincadeiras da cultura popular, dentre eles, os diversos jogos de bola com os pés. Esses jogos adaptados do futebol, assim como outras brincadeiras, davam às crianças condições de desenvolverem um rico acervo motor.

Nesse período, não se falava em escolinhas de futebol. Aprendia-se jogar brincando na rua e a pedagogia vigente, como aborda o professor João Batista Freire, não era outra senão a pedagogia da rua, com todas as suas virtudes e defeitos, mas acima de tudo com a essência do jogo de futebol.

Nessa época não se imaginava uma criança de 10-12 anos sendo “negociada” com clubes europeus, e os jovens só chegavam para jogar nos grandes clubes brasileiros por volta dos 16-17 anos, sem a especialização precoce e com uma bagagem muito rica, não somente no aspecto motor, mas também no que se refere ao aspecto cognitivo. Ou seja, esses jovens eram jogadores inteligentes, porque mesmo tendo sido orientados pela pedagogia da rua, que às vezes é perversa, aprenderam a resolver os problemas do jogo, jogando o jogo.

Para os treinadores das décadas de 1950, 1960, 1970 e início dos anos 1980, as coisas se tornavam mais fáceis, já que a capacidade técnica e a inteligência de jogo do futebolista brasileiro faziam com que ele se destacasse no cenário esportivo nacional e internacional. Nesse período, o que realmente decidia os jogos, tanto em nível nacional quanto internacional era, sem dúvida, a qualidade técnica e a capacidade de improvisação dos nossos jogadores.

A partir do final da década de 1980, início da década de 1990, devido a vários fatores amplamente conhecidos, como a expansão imobiliária e a violência urbana, nossas crianças não mais tiveram integralmente a rua e passaram a aprender futebol nas escolinhas, tendo como modelo o que se praticava nos clubes profissionais, ou seja, uma metodologia altamente tecnicista, tendo como fator preponderante a preparação física que veio em constante evolução desde o início dos anos 1970.


Hoje, apesar de o Brasil ainda ser um celeiro de craques (é claro, não temos tantos como em décadas atrás), o que se percebe é que o jogador brasileiro está cada vez mais forte fisicamente, porém sem a técnica apurada e, o que é mais assustador, perdeu a inteligência de jogo que era peculiar em gerações passadas. Esse é o resultado do processo cultural, ou seja, as brincadeiras de rua foram paulatinamente sendo substituídas pelo vídeo game e o computador.

É esse cenário que nos permite fazer a afirmação do início desse texto, ou seja, o futebol brasileiro não tem e nem nunca teve grandes treinadores. Sempre, no passado e no presente, o diferencial foi o jogador. E neste momento, onde os jogadores de nível mais elevado estão cada vez mais escassos, o que deveria prevalecer é a capacidade dos treinadores, ou seja, aqueles que são considerados top de linha e que ganham no mês o que outros de menor expressão levam anos para receberem, deveriam fazer a diferença.

Porém, isso não vem ocorrendo. Ao contrário, sempre temos times considerados de ponta enfrentando serias dificuldades, inclusive nos campeonatos regionais, onde o nível é ainda mais baixo. Tal situação reflete a qualidade dos treinamentos que são aplicados tanto aos jovens em formação, quanto aos profissionais de alto rendimento.


Apesar da pedagogia do esporte apontar caminhos de grande alcance no processo de ensino-aprendizagem-treinamento, nossos treinadores estão presos a velhos paradigmas. Na prática, temos a preparação física como o fator mais importante da periodização convencional. O treino é fragmentado, fora da realidade do jogo, onde tocar a bola para o treinador, receber de volta, driblar o cone e finalizar ainda é considerado trabalho qualificado e está na pauta do dia, na maioria absoluta dos times de futebol espalhados por esse Brasil continental.

Portanto, caros amigos, a solução não está na troca de treinadores a cada sequência de maus resultados. Precisamos nos conscientizar de que a metodologia de treinamento está ultrapassada e ter a coragem de quebrar os paradigmas. Caso contrário, nosso futebol continuará cada vez mais medíocre e o nosso torcedor, cada vez mais assistirá pela televisão ou pela internet, os jogadores brasileiros que partem para a Europa cada vez mais jovens.


Por aqui, aqueles que ainda não têm acesso à tecnologia e que ainda têm coragem para ir a um estádio de futebol, continuarão vendo um “espetáculo” de trombadas e balões, onde a bola é maltratada durante os 90 minutos e, ao final, ainda assistirão as entrevistas dos milionários e emburrados treinadores, que darão patadas coletivas nos pobres repórteres.
 
Walério Melo