30 de jun. de 2010

O comentário de Fernando Rocha

 

fernando Velho problema

Na coletiva à imprensa antes do jogo com o Chile, o possante aprendiz de técnico, Dunga, soltou mais uma pérola, desta vez sobre os erros das arbitragens, que influenciaram no resultado das partidas entre alemães, ingleses, argentinos e mexicanos, reacendendo a polêmica sobre a utilização dos recursos eletrônicos para dirimir dúvidas numa partida :”Se o futebol não tiver discussão, nem polêmica, vocês (jornalistas) não estariam aí, nem eu aqui. Vai acabar o trabalho para todos nós”.

Este é o argumento básico, não só do Dunga, mas até de gente mais experiente e conceituada como o ex-presidente da Fifa, João Havelange, um dos principais defensores das atuais intocáveis e jurássicas regras do futebol, impedindo a entrada inovações mesmo as mais simples até o uso da tecnologia no auxílio à arbitragem.

O saudoso escritor e cronista, Roberto Drumond, nascido aqui nestes grotões do vale do Rio Doce, incluiria Havelange e outros quem assim pensam, no rol de integrantes do “Anteontem Futebol Clube”.

Chega a ser esdrúxulo, bizarro, me faz lembrar o Mestre Kafunga, que repetiu até a morte o chavão “no Brasil, o errado é o certo”, pois afinal como pode haver graça ou polêmica num lance onde um equívoco escandaloso,- a bola chutada no travessão pelo inglês Lampard passou mais de 30cm da linha dentro do gol alemão -, manchou aquele que foi o melhor jogo desta Copa até a presente data.

· Dizem que é maldição, pois há quase meio século atrás, na decisão da Copa de 1966, os ingleses foram beneficiados em lance bem parecido diante da mesma Alemanha e de lá para cá não conseguiram mais nada em se tratando de Mundiais. Outro argumento do “Anteontem Futebol Clube” é que até mesmo utilizando o olho eletrônico, há lances onde não é possível saber o que é certo ou errado, então, por não ser exato, não deveria se utilizar o recurso.

· Neste caso, devemos considerar a relação custo-benefício proporcionada pela entrada da tecnologia no auxílio à arbitragem, evitando um injustiças, prejuízos aos clubes, seleções, abrindo espaço para discussões mais saudáveis e produtivas em torno de tática, técnica, segurança, etc, coisa e tal.

· Há, também , quem alegue os altos custos que poderiam gerar para os clubes e federações, contratar ou manter uma estrutura de “tira-teima” nos estádios para as partidas nas diversas competições do futebol. A solução tem que passar pelo mesmo critério adotado hoje em relação ao exame anti-dopping, que por ser caro é empregado somente nas competições mais importantes.

· Alvíssaras! Ontem, pela manhã aqui no Brasil, tomei conhecimento de uma entrevista do presidente da Fifa, Josef Blatter, que se mostrou indignado e preocupado com os erros da arbitragem nesta Copa, sinalizando pela primeira vez com possibilidade de haver mudanças nas regras abrindo caminho para o uso da tecnologia nas competições de alto nível como a Copa do Mundo.

· Sobre a declaração infeliz (mais uma) do Dunga, citada lá em cima no início da coluna, a pergunta que não quer calar é a seguinte: se o gol não anotado a favor dos ingleses fosse da Seleção Brasileira ele teria a mesma opinião?(Fecha o pano!)

E-mail: bolaarea@yahoo.com.br

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