O governo federal anunciou anteontem com grande estardalhaço, a sanção por parte do Presidente Lula, das alterações propostas ao Estatuto do Torcedor, visando adequá-lo à realidade do país com vistas à Copa de 2014, deixando de ser aquela fantasiosa peça onde o torcedor-infrator, chamado carinhosamente de “cliente”, tinha mais direitos do que deveres a cumprir.
Tenho uma visão cética sobre este assunto, com base em experiências já vividas neste meio, pois entendo que o grande desafio está ainda por vir, que é fazer cumprir o que está escrito na lei e afastar a sensação de impunidade, o maior causador de toda a violência.
Muito bom que os crimes e infrações praticados por torcedores, não só dentro, mas sobretudo nas imediações ou a caminho do estádio, tenham agora tipificação na lei, incluindo até os cambistas, uma praga mundial quase impossível de ser banida dos espetáculos de um modo geral.
Sem entrar no mérito das alterações propostas, que julgo procedentes sem distinção, sugiro que os grandes veículos de comunicação, principalmente a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão das principais competições nacionais e internacionais, portanto, interessada direta no assunto, deflagrem uma grande campanha de conscientização da população e dê ampla divulgação aos casos de punição, para inibir novas ocorrências e modificar a atual cultura da impunidade, onde prevalece o “ninguém vai preso” ou “ninguém será punido”.
· Tão logo fiquei sabendo, há cerca de mês atrás, que o clássico entre Atlético x Cruzeiro, em Sete Lagoas na Arena do Jacaré teria uma só torcida, imitando o que já acontece na Argentina há algum tempo, manifestei a minha opinião à respeito aqui neste espaço, como também no rádio e na TV, mas vou repetí-la para atender aos inúmeros e-mails de leitores, que nos indagam sobre o assunto com a a aproximação do jogo neste domingo.
· Trata-se, a meu juízo, do reconhecimento por parte das autoridades de segurança do nosso estado, leia-se Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Bombeiros e a quem mais interessar possa, de sua total incompetência e incapacidade para tratar deste assunto, pois nada justifica esta decisão esdrúxula, muito menos baseá-la no fato das instalações serem acanhadas na Arena do Jacaré em Sete Lagoas, transformada na “Geni” do futebol mineiro.
· Em passado recente, foram realizados aqui no Ipatingão três clássicos entre Atlético e Cruzeiro, dois pelo Campeonato Mineiro e um pela Copa Sul-Minas, todos eles com a presença das duas torcidas. O primeiro foi em 1996, com os muros do estádio caindo aos pedaços e o gramado em petição de miséria. Os outros dois, alguns anos depois, em condições bem melhores, com o estádio já tendo passado por reformas, mas em todos os eventos, o que se viu foi um trabalho perfeito, sem qualquer reparo, dos valorosos militares do nosso 14º Batalhão, o “Guardião do Vale do Aço”.
· Para aqui vieram, em todos estes jogos entre os dois grandes do nosso futebol estadual, milhares de torcedores da capital e cidades vizinhas, em carros particulares , ônibus, e voltaram para suas casas sem nenhum tipo de transtorno. Pois então, deveriam consultar estes Oficiais, muitos deles atuando hoje no policiamento da capital, como por exemplo, o Coronel Teatini, e outros já promovidos e que na época eram os Capitães Edivânio, Masseno, Neto, Ronaldo, o Major Gaspar, que hoje é Coronel da reserva. Estes, certamente não iriam tentar inventar a roda, mas sim pôr em prática o óbvio, racional e o prático, sem fugir das responsabilidades.
· O coração atleticano ou cruzeirense em Sete Lagoas é o mesmo do Vale do Aço, portanto, a diferença está nas cabeças pensantes, ou seja, na competência ou incompetência de uns e outros.
· “Uma das grandes dificuldades da maior parte das pessoas, em qualquer atividade, é a de ter uma profunda admiração, uma inveja saudável por profissionais da mesma área e de ter a humildade para aprender e reconhecer que o outro pode ser melhor, pelo menos em algumas características”.Tostão. (Fecha o pano!)
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