3 de fev. de 2011

Compra de monografia via Internet é rotina em Minas


Site ‘zemoleza.com.br’ é um dos sites mais conhecidos na venda de trabalhos



Monografias vendidas em até 18 vezes no cartão de crédito. Seja por falta de tempo, interesse, capacidade ou por pura malandragem e falta de caráter, cada dia mais universitários recorrem à compra do trabalho para concluir o curso de graduação. Educadores afirmam que esse tipo de fraude se tornou comum nas salas de aula das instituições de Ensino Superior de Minas Gerais. E que essa tática criminosa é posta em prática por aqueles alunos que precisam do diploma, mas que não querem se esforçar para conquistá-lo. A principal fonte dos trabalhos prontos é a Internet, onde há milhares de sites que oferecem o produto, como o conhecido zemoleza.com.br.

Mesmo configurando crime de falsidade ideológica e ou violação de direito autoral, as fraudes e plágios em trabalhos acadêmicos quase nunca viram processos judiciais. A maioria das instituições de Ensino Superior prefere resolver o problema internamente, com advertência, reprovação e até mesmo a expulsão do aluno infrator.

O advogado e professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Manoel Galdino da Paixão Júnior, disse que esses crimes só não vão parar na esfera judicial porque não interessa à faculdade divulgar esse tipo de conduta. “Ter alunos imorais e criminosos matriculados em sua instituição denigre a imagem da faculdade. É por isso que elas não denunciam os fraudadores”.

A vice-reitora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Patrícia Bernardes, disse que cabe à universidade aplicar as punições. “Damos zero no trabalho, reprovamos o infrator e até o expulsamos da instituição, dependendo da gravidade da fraude. Nossas sanções são acadêmicas”.

Patrícia Bernardes confirma o aumento da incidência de casos dessa natureza e afirma que ter o diploma nas mãos é o que mais importa para os alunos que adotam essa postura. “Infelizmente, as fraudes têm se tornado frequentes no meio acadêmico. Eles só querem saber do diploma”.

A linha de atuação é a mesma na UFMG, segundo o pró-reitor adjunto de graduação, André Cabral. “Em caso de fraude, a banca examinadora pode reprovar o estudante. E se for plágio a gente pode abrir sindicância. Se o plágio for confirmado, é aberto um processo administrativo disciplinar. É dado amplo direito de defesa ao aluno, mas ele fica sem poder colar grau durante o processo”.

Professora e coordenadora do Centro Universitário UNA, Patrícia de Alvarenga, disse que já descobriu plágios e compras de trabalhos por seus alunos. “Uma vez, descobri que dois alunos de turmas diferentes compraram um trabalho do mesmo fornecedor. Os textos estavam praticamente idênticos. Dei nota zero nos dois trabalhos”, contou.

O problema não é específico de Minas e não se restringe às vendas pela Internet. Em outras cidades do país, como Brasília (DF), a cara de pau desses vendedores é tão grande que faixas com anúncio do serviço podem ser encontradas instaladas ao ar livre nas ruas. Nelas, pode-se ler “Monografia – verificamos plágio”, “Monografia – consultoria” ou ainda “Auxílio monográfico”, com os telefones de contato.

MEC , Ministério Público e universidades lavam as mãos

O Ministério da Educação (MEC) se exime de qualquer responsabilidade no sentido de coibir a fraude da compra de monografias. A única orientação da Secretaria de Educação Superior do MEC às universidades, segundo a assessora de Imprensa do órgão, Rúbia Baptista, é que elas procurem a polícia para resolver o caso.

“As universidades são autônomas e o MEC não pode intervir. Isso é caso de polícia e as universidades devem decidir qual o melhor procedimento aplicar”, disse Rúbia Baptista por telefone.

Com a mesma posição passiva diante do problema, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais explicou, via assessoria de Comunicação, que as denúncias contra os sites que vendem as monografias não são da esfera pública, mas sim do direito privado. Desta forma, esses sites continuam online, sem qualquer interferência. fonte: Hoje em Dia

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